FALANDO DA FREITA
Passado umas semanas da Freita decidi falar desta prova, o facto de o Grupo Desportivo Leões de Veneza, a equipe que actualmente corro e com muito prazer, foi convidada para fazer parte desta organização juntamente com o Trotamontes, este convite dirigido a nossa equipe foi feito já quase em cima do tempo, depois de aceite pela direcção houve que meter mãos há obra, ambas as direcções foram vários fins de semanas para o local fazer um apanhado do terreno, fazer marcações, abrir caminho pela vegetação cerrada, escolher locais que fossem de uma beleza única, foram horas e mais horas de um esforço que quase ninguém imagina, levar uma prova destas para a frente não é nada fácil, os meios não são muitos e as ajudas ainda piores, no meio disto tudo fazer os contactos necessários com os patrocinadores para darem apoio a esta causa, claro que no meio disto ouve-se alguns nãos, não é fácil mas há que dar a volta por cima e procurar outras alternativas, procurar ter tudo pronto no dia da prova também não é fácil, as inscrições de ultima hora também não ajudam mas claro todos são bem vindos e não queríamos deixar ninguém de fora nesta que é uma das provas icon do nosso trail, nos dias que antecedem a prova algum pessoal da organização vai mais cedo para o local para terminar algumas coisas que ainda estavam por fazer, marcações nocturnas, marcações em alguns pontos que pode-cem suscitar algumas duvidas e alguns pormenores mais importantes de ultima hora, tudo estava preparado para que tudo desse certo apesar das dificuldades encontradas. Na sexta feira dia antes da prova, dia de chegada de muitos atletas ao qual iriam passar a noite acampados para poderem descansar um pouco antes da prova e poderem comodamente levantar os seus dorsais e ao mesmo tempo serem verificados os respectivos equipamentos pela organização, mas já aqui andava parte da organização preocupada com outros pormenores que ninguém da por ela e só quem la esta se apercebe do que se passa, o chipes que eram para ser entregues de manha só o foram entregues já noite dentro, aqui uma falha da pessoa que ficou de entregar os chipes, se não o podia teria de ter mandado outra pessoa, ok mas já tínhamos os chipes na mão já não era mau, certo vamos entregar dorsais com chip, anuncia-se a entrega de dorsais, primeiro atleta a levantar dorsais, qual é o seu nome? o meu nome é... ora vamos la ver: numero ... mas esse não é o meu nome!!!!! depois de uma verificação com outras atletas chegamos a conclusão que a lista que tínhamos dado não correspondia minimamente ao que se tinha mandado, bem tivemos de conferir e mudar toda a lista, dar entrada no computador tudo certo como deveria estar, aqui tivemos um membro que trabalhou grande parte da noite para que tudo desse certo, fizemos tudo mas tudo para que estes erros não fossem detectados por quase ninguém e penso que o conseguimos, mesmo com algum desespero devido ao que se estava a passar conseguimos acalmar e dar a volta por cima e por tudo a funcionar como deveria ser. Ja não sei que horas me fui deitar mas sei que era tarde e queria descansar um pouco para de manha ter alguma força para fazer o que me estava destinado a fazer, mas durante a noite choveu de tal maneira que ouvi alguns companheiros a sair para ver o que se estava a passar nas tendas, o que me foi dito de manha foi que estava tudo encharcado que tiveram de ficar de prevenção para não ficar pior, o que me estava reservado estava para vir, fazer o fecho da ultra e levantar as fitas do percurso, tarefa que aceitei com todo o gosto e vontade de cumprir, depois de os últimos ultimatos para a prova é dada a partida, retiro a minha vestimenta e pego no saco para a recolha das fitas, pelo caminho alguém me diz se só levava aquela saca, ao qual respondi que sim e que chegava, e la fui eu todo contente por la fora sempre com o ultimo atleta em vista, as fitas comecei a recolher no cruzamento entre a prova dos 17 e a caminha, ou seja já limpar a da ultra, logo nas primeiras fitas vi as dificuldades que ia ter, muitas fitas, fitas quase de metro a metro e em alguns casos bem menos mas ai ate percebi pois eram zonas mais complicadas e não se queria ninguém perdido, ( e eu ainda ouvi que estava mal marcado, mas também ouvi alguém que no final me disse que não havia necessidade de ter tantas fitas), seja como for ninguém se perdeu nem ninguém andou perdido, retira fita põe fita dentro do saco e claro o saco não cresce, estava prestes a chegar a estrada e pensei que alguém ainda la estaria, mas nada nem uma viva alma para me dizer que era maluco, com a saca cheia e sem saber bem o que fazer só vi uma alternativa que era por as fitas a volta da saca e ir amarrando a saca, o caminho ai leva-nos por um curso de agua muito bonito mas com uma saca as costas e mais a parecer o pai natal tinha de ter cuidado para não cair, devagar la fui eu tirando fita a fita ate ao final desse caminho, quando ai cheguei já estava desesperado pois não sabia como iria fazer com tanta fita, já remoía a cabeça de como me iria livrar daquele saco, e não é para meu espanto ali ao lado um caixote do lixo, bem parecia que me tinha saído o euromilhoes, todo contente la correu para o caixote a despejar as fitas, agora ate esfregava o saco de tão contente que estava de não ter de correr por monte a baixo com ele cheio, por ali adiante fui recolhendo as fitas e voltei apanhar o ultimo atleta nesta altura a nossa conhecida Analice, deixava sempre ganhar uns metros, retirava as fitas e juntava-me novamente a ela, entretanto fico a Analice vai a vida dela, já no caminho para o rio e novamente com o saco cheio aparece-me desta vez um companheiro que vinha de carro e me deixa despejar o saco para dentro do carro que deixava no abastecimento, mais uma vez feliz da vida, não esta a correr mal pensava eu, monte a baixo para o rio e a indicação que tinha era para deixar no rio pois iria ajudar para futuras marcações, porreiro agora vou avançar e andar rápido para chegar mais a frente e não perder muito tempo, e não é que para meu espanto a uns escassos metros la se encontrava a Analice, bem pensei tenho de ir com ela não a posso passar, la tem de ser, ajuda Analice daqui, Analice dali, passa para este lado, vá por ali, foi o rio todo a dar indicações para que lado e por onde e a dizer que o tempo estava a esgotar-se, a Analice também já reclamava de tanto rio, a pesar da vontade e da grande força que esta mulher tem e diga-se uma força tremenda e uma vontade única a idade já não perdoa, esta prova é muito dura e a agilidade para pequenas coisas fazem-se sentir, depois de sair do rio mandei correr para tentar chegar ao abastecimento dentro do tempo limite, assim o fez e foi que nem uma formiguinha trabalhadora, chegamos ao abastecimento com 5 horas e 10 minutos, fora do tempo já estava a Analice e mais dois atletas que não sei o nome deles, neste mesmo abastecimento já estavam alguns atletas que iriam desistir, aqui vi que se passava alguma coisa, em primeiro a falta dos bombeiros esse sim neste ponto deveriam estar la, perguntei e disseram-me que não sabiam o que se tinha passado, no entretanto a Analice pergunta-me se pode continuar, eu pergunto ao pessoal do abastecimento se tinha alguma indicação de tempos , foi-me dito que não tinham ordens nenhumas, eu também como não as tinha e não tinha mural para o fazer também não o fiz e disse faça como achar melhor, dali saíram os três, eu ainda fiquei um pouco na conversa e a comer algo mais.
Nos km´s seguintes fui fazendo o mesmo, ao passar pelas aldeias as pessoas perguntavam-me se eu era o ultimo ao qual dizia que sim, a resposta imediata era de satisfação pelo levantamento das fitas, fiquei feliz por ver que as pessoas me davam os parabéns pelo trabalho que estava a ser feito, é sem duvidas gratificante ver que as pessoas desta aldeia já se habituam a ter estes malucos a passar por la e que gostam de nos ver por ali, nos km´s pela frente e ate Drave tinha na frente como referencia os dois atletas que iam a minha frente, mais uma vez neste sector vi-me e desejei-me com as fitas o saco já era pequeno para tanta fita, pelo caminho la arranjei mais um contentor de lixo e la continuei eu, Drave a vista e saco cheio novamente, magicar como levar fitas já era o meu esquema, ao chegar a Drave pergunto aos escuteiros que por ali se encontravam onde haveria um caixote de lixo, disseram-me que por ali não havia mas que estava um abastecimento logo ali a frente, ok pensei eu desta já me livrei, ao chegar ao abastecimento estavam la já os dois atletas que seguiam a minha frente, depois de encher as garrafas com agua e de falar um pouco com estes atletas vejo que a vontade era pouca para continuar, dizem-me para avançar e eu digo que só avanço se eles confirmarem a sua desistência pois iria começar a tirar as fitas e não saberiam o caminho caso viessem a traz, confirmaram-me que ficariam por ali e então avancei agora com um saco para as fitas desta vez quase do meu tamanho, era a única que tinham e a que eu tinha já estava toda furada por isso nem hesitei, enrola saca e continua, depois de uns metros começo a tirar fitas e torno a entrar no leito de um rio, nesta altura sabia que tinha a Analice a frente mas pelo que me tinham dito já tinha saído do abastecimento a algum tempo, por isso fui descansado a recolher fitas mas passado um ou dois km´s la encontro a Analice em passo de caracol, acalmei o passo e la fui eu a traz dela mais uma vez, desta vez olhei para o relógio e vi que iria ficar muito atrasado, claro e como era evidente não a iria deixar para traz apesar por varias vezes a Analice dizer para eu ir para a frente, mas como lhe expliquei não a poderia deixar para traz ate porque tinha de tirar as fitas e sem elas não conseguiria seguir a sua corrida, depois de alguns km´s já tinha o saco mais de metade cheio o peso dele já se fazia sentir nos braços e depois de iniciarmos a descida para a ultima parte do rio desiste de recolher fitas, já não conseguia transportar mais, daqui em diante foi sempre ajudar a Analice a continuar na sua prova, já estávamos a poucos metros da subida para os três pinheiros, mas este bocado foi feito com muita calma, pedras escorregadias levava a que se tivesse cuidado redobrado, muito devagar la fomos avançando ate chegar a subida, esta seria mais um teste a paciência, uma subida íngreme e longa mas ao fim de uns metros comecei a ouvir alguém a chamar la de cima, era o meu amigo António Santos que vinha ao nosso encontro para nos ajudar, quando chegou a nossa beira a primeira coisa que lhe pedi foi que me leva-se o saco das fitas pois já não o podia ver, ele fresco pegou no saco e ainda ajudou a Analice com o camel bag, fizemos a subida sempre a puxar pela Analice e dizíamos que era já ali que terminava a subida e que depois o abastecimento ficava logo ao virar da esquina, claro que ao fim dum tempo já nos mandava dar uma volta pois nunca mais chegava, mas por fim la chegamos aos 40 km´s com 12 horas, aqui a Analice disse que já não seguia mais que ficaria por ali, eu ponderei seguir mas depois de alguma conversa e de assentar ideias cheguei a conclusão que seria complicado seguir, chegar aos abastecimentos seguintes iria demorar algum tempo, recolher fitas e progredir rápido não seria fácil, iria chegar aos abastecimentos muito atrasado, depois de algumas contas feitas cheguei a brilhante conclusão que provavelmente terminaria perto das 21 horas, com um limite de 17 horas e 30 minutos de tempo limite iria causar muitos problemas ao restante pessoal, assim sendo decidi desistir e ir para a meta ajudar no que fosse possível.
Na chegada recebi vários atletas uns mais satisfeitos que outros, como é normal numa prova nem tudo corre como planeamos, no computo geral tudo correu bem, mesmo quando tivemos de parar a prova nos últimos km´s por questões de segurança, todos os que foram recolhidos perceberam e compreenderam as razoes, o ultimo troço tem varias dificuldades, fazer de noite com nevoeiro e em condições difíceis depois de um esforço tremendo não vale a pena arriscar a saúde de ninguém, por fim e já noite dentro fomos descansar, todos o mereceram mais uma prova realizada.
Conclusão, tirei varias, aprendi muito, eu como todos que pela primeira vez estiveram numa organização como esta, erros, ouve, vários, se os notamos, notamos, e aprendemos com eles, só assim sabemos como podemos melhorar, alguns deles infelizmente não foram provocados por nós mas por terceiros, mas como somos nós que mostramos a cara somos nós que levamos por tabela, agora o que no meio de isto tudo me deixou mais triste foi no final pessoas que também realizam provas virem dizer mal disto ou daquilo, ainda não percebi o que ganham com isso, nem sei ate que ponto terão vantagens em tentar deitar a baixo esta prova, por mim podem ter a certeza não o deixarei, esta foi uma das primeiras provas de trail no nosso país e já é mítica pela sua dificuldade e não serão alguns que a deitarão a baixo, a outros deixo a informação que para o ano teremos um catering em cada abastecimento, mordomes para levar a comida a boca, não queremos que se cansem, ao contrario do que se possa pensar tentamos ter o necessário nos abastecimentos, os atletas sabem que numa prova destas devem ter também as suas reservas, gostaríamos de agradar a todos e ter uma Freita para cada um mas claro é impossível, agrada-se a uns e a outros nem tanto, mas tentamos o melhor e tenho a certeza que em 2013 iremos surpreender pela positiva, aqui no blogue irei dar algumas informações mas também no sitio da prova, algumas coisas já estão alinhavadas e já estamos a trabalhar na próxima época.
Por fim, agradecer a todos os que ajudaram a levar esta prova do inicio ate ao fim, sei que o trabalho foi árduo mas no final tudo correu bem, PARABÉNS A TODOS
Passado umas semanas da Freita decidi falar desta prova, o facto de o Grupo Desportivo Leões de Veneza, a equipe que actualmente corro e com muito prazer, foi convidada para fazer parte desta organização juntamente com o Trotamontes, este convite dirigido a nossa equipe foi feito já quase em cima do tempo, depois de aceite pela direcção houve que meter mãos há obra, ambas as direcções foram vários fins de semanas para o local fazer um apanhado do terreno, fazer marcações, abrir caminho pela vegetação cerrada, escolher locais que fossem de uma beleza única, foram horas e mais horas de um esforço que quase ninguém imagina, levar uma prova destas para a frente não é nada fácil, os meios não são muitos e as ajudas ainda piores, no meio disto tudo fazer os contactos necessários com os patrocinadores para darem apoio a esta causa, claro que no meio disto ouve-se alguns nãos, não é fácil mas há que dar a volta por cima e procurar outras alternativas, procurar ter tudo pronto no dia da prova também não é fácil, as inscrições de ultima hora também não ajudam mas claro todos são bem vindos e não queríamos deixar ninguém de fora nesta que é uma das provas icon do nosso trail, nos dias que antecedem a prova algum pessoal da organização vai mais cedo para o local para terminar algumas coisas que ainda estavam por fazer, marcações nocturnas, marcações em alguns pontos que pode-cem suscitar algumas duvidas e alguns pormenores mais importantes de ultima hora, tudo estava preparado para que tudo desse certo apesar das dificuldades encontradas. Na sexta feira dia antes da prova, dia de chegada de muitos atletas ao qual iriam passar a noite acampados para poderem descansar um pouco antes da prova e poderem comodamente levantar os seus dorsais e ao mesmo tempo serem verificados os respectivos equipamentos pela organização, mas já aqui andava parte da organização preocupada com outros pormenores que ninguém da por ela e só quem la esta se apercebe do que se passa, o chipes que eram para ser entregues de manha só o foram entregues já noite dentro, aqui uma falha da pessoa que ficou de entregar os chipes, se não o podia teria de ter mandado outra pessoa, ok mas já tínhamos os chipes na mão já não era mau, certo vamos entregar dorsais com chip, anuncia-se a entrega de dorsais, primeiro atleta a levantar dorsais, qual é o seu nome? o meu nome é... ora vamos la ver: numero ... mas esse não é o meu nome!!!!! depois de uma verificação com outras atletas chegamos a conclusão que a lista que tínhamos dado não correspondia minimamente ao que se tinha mandado, bem tivemos de conferir e mudar toda a lista, dar entrada no computador tudo certo como deveria estar, aqui tivemos um membro que trabalhou grande parte da noite para que tudo desse certo, fizemos tudo mas tudo para que estes erros não fossem detectados por quase ninguém e penso que o conseguimos, mesmo com algum desespero devido ao que se estava a passar conseguimos acalmar e dar a volta por cima e por tudo a funcionar como deveria ser. Ja não sei que horas me fui deitar mas sei que era tarde e queria descansar um pouco para de manha ter alguma força para fazer o que me estava destinado a fazer, mas durante a noite choveu de tal maneira que ouvi alguns companheiros a sair para ver o que se estava a passar nas tendas, o que me foi dito de manha foi que estava tudo encharcado que tiveram de ficar de prevenção para não ficar pior, o que me estava reservado estava para vir, fazer o fecho da ultra e levantar as fitas do percurso, tarefa que aceitei com todo o gosto e vontade de cumprir, depois de os últimos ultimatos para a prova é dada a partida, retiro a minha vestimenta e pego no saco para a recolha das fitas, pelo caminho alguém me diz se só levava aquela saca, ao qual respondi que sim e que chegava, e la fui eu todo contente por la fora sempre com o ultimo atleta em vista, as fitas comecei a recolher no cruzamento entre a prova dos 17 e a caminha, ou seja já limpar a da ultra, logo nas primeiras fitas vi as dificuldades que ia ter, muitas fitas, fitas quase de metro a metro e em alguns casos bem menos mas ai ate percebi pois eram zonas mais complicadas e não se queria ninguém perdido, ( e eu ainda ouvi que estava mal marcado, mas também ouvi alguém que no final me disse que não havia necessidade de ter tantas fitas), seja como for ninguém se perdeu nem ninguém andou perdido, retira fita põe fita dentro do saco e claro o saco não cresce, estava prestes a chegar a estrada e pensei que alguém ainda la estaria, mas nada nem uma viva alma para me dizer que era maluco, com a saca cheia e sem saber bem o que fazer só vi uma alternativa que era por as fitas a volta da saca e ir amarrando a saca, o caminho ai leva-nos por um curso de agua muito bonito mas com uma saca as costas e mais a parecer o pai natal tinha de ter cuidado para não cair, devagar la fui eu tirando fita a fita ate ao final desse caminho, quando ai cheguei já estava desesperado pois não sabia como iria fazer com tanta fita, já remoía a cabeça de como me iria livrar daquele saco, e não é para meu espanto ali ao lado um caixote do lixo, bem parecia que me tinha saído o euromilhoes, todo contente la correu para o caixote a despejar as fitas, agora ate esfregava o saco de tão contente que estava de não ter de correr por monte a baixo com ele cheio, por ali adiante fui recolhendo as fitas e voltei apanhar o ultimo atleta nesta altura a nossa conhecida Analice, deixava sempre ganhar uns metros, retirava as fitas e juntava-me novamente a ela, entretanto fico a Analice vai a vida dela, já no caminho para o rio e novamente com o saco cheio aparece-me desta vez um companheiro que vinha de carro e me deixa despejar o saco para dentro do carro que deixava no abastecimento, mais uma vez feliz da vida, não esta a correr mal pensava eu, monte a baixo para o rio e a indicação que tinha era para deixar no rio pois iria ajudar para futuras marcações, porreiro agora vou avançar e andar rápido para chegar mais a frente e não perder muito tempo, e não é que para meu espanto a uns escassos metros la se encontrava a Analice, bem pensei tenho de ir com ela não a posso passar, la tem de ser, ajuda Analice daqui, Analice dali, passa para este lado, vá por ali, foi o rio todo a dar indicações para que lado e por onde e a dizer que o tempo estava a esgotar-se, a Analice também já reclamava de tanto rio, a pesar da vontade e da grande força que esta mulher tem e diga-se uma força tremenda e uma vontade única a idade já não perdoa, esta prova é muito dura e a agilidade para pequenas coisas fazem-se sentir, depois de sair do rio mandei correr para tentar chegar ao abastecimento dentro do tempo limite, assim o fez e foi que nem uma formiguinha trabalhadora, chegamos ao abastecimento com 5 horas e 10 minutos, fora do tempo já estava a Analice e mais dois atletas que não sei o nome deles, neste mesmo abastecimento já estavam alguns atletas que iriam desistir, aqui vi que se passava alguma coisa, em primeiro a falta dos bombeiros esse sim neste ponto deveriam estar la, perguntei e disseram-me que não sabiam o que se tinha passado, no entretanto a Analice pergunta-me se pode continuar, eu pergunto ao pessoal do abastecimento se tinha alguma indicação de tempos , foi-me dito que não tinham ordens nenhumas, eu também como não as tinha e não tinha mural para o fazer também não o fiz e disse faça como achar melhor, dali saíram os três, eu ainda fiquei um pouco na conversa e a comer algo mais.
Nos km´s seguintes fui fazendo o mesmo, ao passar pelas aldeias as pessoas perguntavam-me se eu era o ultimo ao qual dizia que sim, a resposta imediata era de satisfação pelo levantamento das fitas, fiquei feliz por ver que as pessoas me davam os parabéns pelo trabalho que estava a ser feito, é sem duvidas gratificante ver que as pessoas desta aldeia já se habituam a ter estes malucos a passar por la e que gostam de nos ver por ali, nos km´s pela frente e ate Drave tinha na frente como referencia os dois atletas que iam a minha frente, mais uma vez neste sector vi-me e desejei-me com as fitas o saco já era pequeno para tanta fita, pelo caminho la arranjei mais um contentor de lixo e la continuei eu, Drave a vista e saco cheio novamente, magicar como levar fitas já era o meu esquema, ao chegar a Drave pergunto aos escuteiros que por ali se encontravam onde haveria um caixote de lixo, disseram-me que por ali não havia mas que estava um abastecimento logo ali a frente, ok pensei eu desta já me livrei, ao chegar ao abastecimento estavam la já os dois atletas que seguiam a minha frente, depois de encher as garrafas com agua e de falar um pouco com estes atletas vejo que a vontade era pouca para continuar, dizem-me para avançar e eu digo que só avanço se eles confirmarem a sua desistência pois iria começar a tirar as fitas e não saberiam o caminho caso viessem a traz, confirmaram-me que ficariam por ali e então avancei agora com um saco para as fitas desta vez quase do meu tamanho, era a única que tinham e a que eu tinha já estava toda furada por isso nem hesitei, enrola saca e continua, depois de uns metros começo a tirar fitas e torno a entrar no leito de um rio, nesta altura sabia que tinha a Analice a frente mas pelo que me tinham dito já tinha saído do abastecimento a algum tempo, por isso fui descansado a recolher fitas mas passado um ou dois km´s la encontro a Analice em passo de caracol, acalmei o passo e la fui eu a traz dela mais uma vez, desta vez olhei para o relógio e vi que iria ficar muito atrasado, claro e como era evidente não a iria deixar para traz apesar por varias vezes a Analice dizer para eu ir para a frente, mas como lhe expliquei não a poderia deixar para traz ate porque tinha de tirar as fitas e sem elas não conseguiria seguir a sua corrida, depois de alguns km´s já tinha o saco mais de metade cheio o peso dele já se fazia sentir nos braços e depois de iniciarmos a descida para a ultima parte do rio desiste de recolher fitas, já não conseguia transportar mais, daqui em diante foi sempre ajudar a Analice a continuar na sua prova, já estávamos a poucos metros da subida para os três pinheiros, mas este bocado foi feito com muita calma, pedras escorregadias levava a que se tivesse cuidado redobrado, muito devagar la fomos avançando ate chegar a subida, esta seria mais um teste a paciência, uma subida íngreme e longa mas ao fim de uns metros comecei a ouvir alguém a chamar la de cima, era o meu amigo António Santos que vinha ao nosso encontro para nos ajudar, quando chegou a nossa beira a primeira coisa que lhe pedi foi que me leva-se o saco das fitas pois já não o podia ver, ele fresco pegou no saco e ainda ajudou a Analice com o camel bag, fizemos a subida sempre a puxar pela Analice e dizíamos que era já ali que terminava a subida e que depois o abastecimento ficava logo ao virar da esquina, claro que ao fim dum tempo já nos mandava dar uma volta pois nunca mais chegava, mas por fim la chegamos aos 40 km´s com 12 horas, aqui a Analice disse que já não seguia mais que ficaria por ali, eu ponderei seguir mas depois de alguma conversa e de assentar ideias cheguei a conclusão que seria complicado seguir, chegar aos abastecimentos seguintes iria demorar algum tempo, recolher fitas e progredir rápido não seria fácil, iria chegar aos abastecimentos muito atrasado, depois de algumas contas feitas cheguei a brilhante conclusão que provavelmente terminaria perto das 21 horas, com um limite de 17 horas e 30 minutos de tempo limite iria causar muitos problemas ao restante pessoal, assim sendo decidi desistir e ir para a meta ajudar no que fosse possível.
Na chegada recebi vários atletas uns mais satisfeitos que outros, como é normal numa prova nem tudo corre como planeamos, no computo geral tudo correu bem, mesmo quando tivemos de parar a prova nos últimos km´s por questões de segurança, todos os que foram recolhidos perceberam e compreenderam as razoes, o ultimo troço tem varias dificuldades, fazer de noite com nevoeiro e em condições difíceis depois de um esforço tremendo não vale a pena arriscar a saúde de ninguém, por fim e já noite dentro fomos descansar, todos o mereceram mais uma prova realizada.
Conclusão, tirei varias, aprendi muito, eu como todos que pela primeira vez estiveram numa organização como esta, erros, ouve, vários, se os notamos, notamos, e aprendemos com eles, só assim sabemos como podemos melhorar, alguns deles infelizmente não foram provocados por nós mas por terceiros, mas como somos nós que mostramos a cara somos nós que levamos por tabela, agora o que no meio de isto tudo me deixou mais triste foi no final pessoas que também realizam provas virem dizer mal disto ou daquilo, ainda não percebi o que ganham com isso, nem sei ate que ponto terão vantagens em tentar deitar a baixo esta prova, por mim podem ter a certeza não o deixarei, esta foi uma das primeiras provas de trail no nosso país e já é mítica pela sua dificuldade e não serão alguns que a deitarão a baixo, a outros deixo a informação que para o ano teremos um catering em cada abastecimento, mordomes para levar a comida a boca, não queremos que se cansem, ao contrario do que se possa pensar tentamos ter o necessário nos abastecimentos, os atletas sabem que numa prova destas devem ter também as suas reservas, gostaríamos de agradar a todos e ter uma Freita para cada um mas claro é impossível, agrada-se a uns e a outros nem tanto, mas tentamos o melhor e tenho a certeza que em 2013 iremos surpreender pela positiva, aqui no blogue irei dar algumas informações mas também no sitio da prova, algumas coisas já estão alinhavadas e já estamos a trabalhar na próxima época.
Por fim, agradecer a todos os que ajudaram a levar esta prova do inicio ate ao fim, sei que o trabalho foi árduo mas no final tudo correu bem, PARABÉNS A TODOS
Olá Vitor
ResponderExcluirÉ bom ouvir o relato de quem esteve por dentro da organização da prova também!
Serve para mostrar a todos o trabalho que existe por trás e mesmo assim as pessoas nem imaginam o que é organizar um ultra trail, com muitos km para marcar e desmarcar, montar os abastecimentos, receber os atletas e coordenar tudo o que possam imaginar...
Em relação à recolha das fitas, eu também fui atleta vassoura no UTSM desde o km 58 até à meta, éramos dois a recolher fitas e mesmo assim não dávamos conta do recado...
Recolhemos fitam durante mais de 30km, mas nos últimos 6 ou 7km desistimos, porque os últimos atletas já nos tinham ganho algum avanço, como ia sucedendo contigo...
Claro que o ideal seria deixar o caminho limpo logo após a passagem do último atleta, mas chegamos à conclusão que mais valia a pena ir lá no dia a seguir só recolher as fitas...
Em relação à organização do UTSF, desejo-vos a melhor das sortes para 2013... O meu sonho está cumprido, que era concluir o UTSF... Para 2013, se ganhar novamente coragem e se o calendário o permitir, lá estarei novamente!
Abraço